Uma boa noite de sono é essencial para a saúde mental. Quem não dorme bem, pode apresentar problemas de memória, dificuldades de concentração, irritabilidade, desânimo e tristeza. No entanto, ter uma noite de sono adequada tem sido um desafio para muitas pessoas. Helder Gomes, psiquiatra e diretor clínico do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), alerta para a importância de um descanso de qualidade.
A insônia é uma das principais queixas dos pacientes nos consultórios. Sabemos que para ter saúde mental, é importante termos um repouso adequado. Alguns dos transtornos psiquiátricos mais comuns, como depressão e ansiedade, têm a falta de adormecimento como um dos critérios para diagnósticos. No caso da ansiedade, quando a pessoa vai deitar para dormir, não consegue relaxar, tem pensamentos acelerados, sensação de nervos à flor da pele, não conseguindo adormecer. Além disso, quando dorme, muitas vezes, não atinge as fases mais profundas do sono, o chamado sono REM.
De acordo com Gomes, os pacientes com depressão se queixam que na hora de dormir, não conseguem relaxar devido aos sentimentos negativos e a tristeza. “Sabemos que insônia, depressão e ansiedade se configuram com uma via de mão dupla. A pessoa acaba, por conta do transtorno psiquiátrico, não tendo um sono de qualidade e quando não dorme bem, naturalmente, no dia seguinte, vai se sentir mais irritada, ansiosa e desanimada. Inclusive, até quem não tem nenhum problema, se passar uma noite acordado, vai apresentar uma piora comportamental durante o dia”, alerta.
A insônia provoca a piora dos sintomas de ansiedade e depressão, e a ansiedade e a depressão pioram a falta de sono, de forma que é necessário quebrar esse ciclo. Os mais variados transtornos, como o Bipolar, a Esquizofrenia e o Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), apresentam, muitas vezes, alterações de sono associadas.
TIPOS DE INSÔNIA
Existem três tipos principais de insônia:
- A inicial, quando não é possível começar o sono de maneira adequada.
- A intermediária, quando a pessoa desperta no meio da noite e tem dificuldade para voltar a dormir;.
- A terminal, quando o paciente acorda antes do horário e não adormece mais.
“Uma das manifestações principais é o cansaço, aquela sensação de sonolência ao longo do dia. Além da piora dos transtornos mentais, como não dormimos bem, temos a possibilidade de desenvolver fatores de risco consideráveis para alguns problemas de saúde no futuro, como infarto, AVC [acidente vascular cerebral] e demência”, reforça o psiquiatra.
MEDICAMENTOS DEVEM SER USADOS COM ORIENTAÇÃO MÉDICA
Muitos pacientes procuram o atendimento psiquiátrico porque desejam usar medicações para dormir. “Sabemos que em casos selecionados, algumas podem ser necessárias, resgatando um sono de qualidade. Porém, devem ser prescritas com critério. Não é indicado se medicar sem avaliação médica e de forma indiscriminada, pois pode ocasionar a dependência química e efeitos colaterais indesejados. Cada paciente tem uma abordagem individualizada”, adverte Helder Gomes.
O psiquiatra do HSM recomenda que seja realizada uma rotina para conseguir dormir de forma adequada, adotando medidas da higiene do sono, mantendo uma vida equilibrada, com atividade física regular e alimentação saudável – limitar tempo de tela também é necessário. É fundamental perceber as necessidades do organismo e criar hábitos necessários para uma boa noite de descanso.