Enxaqueca: quando uma crise pode indicar um AVC?


Ter enxaqueca com aura (ou migrânea com aura, na linguagem técnica) aumenta em três vezes o risco de a pessoa sofrer um AVC. Inclusive, ela foi reconhecida como fator de risco para eventos do tipo em revisões de estudos feitas há pelo menos dez anos.

Enxaqueca: quais são seus principais riscos?

Segundo a neurologista Polyana Piza, do Hospital Israelita Albert Einstein, o AVC pode ser isquêmico (quando ocorre o bloqueio da circulação do sangue em determinada região do cérebro) ou hemorrágico (quando há o rompimento de um vaso cerebral).

O primeiro exame para determinar o que está acontecendo é a tomografia computadorizada, sendo a mais rápida, diferenciando o AVC isquêmico do hemorrágico – o que é essencial para determinar a conduta do tratamento. Em seguida, dependendo da necessidade, é feita a ressonância magnética para confirmação ou não do AVC.

No caso de um AVC isquêmico, se o paciente procurar atendimento nas primeiras quatro horas e meia após o início dos sintomas, é possível reverter o quadro por meio de um procedimento endovenoso. Em até 24 horas após os sintomas, a depender do caso, é possível fazer uma trombectomia mecânica (procedimento por cateterismo para retirar o coágulo).

Por isso, é tão importante que os pacientes saibam identificar os sinais de que há algo de errado, pois quanto mais cedo procurar ajuda, menor a chance de restarem sequelas.

Como identificar sinais de risco de AVC

Nem sempre o AVC vem acompanhado de sintomas físicos ou motores (como paralisia de um dos lados da face, boca caída, dificuldade de falar, perda de coordenação). Tudo vai depender do território atingido — no caso de Godoi, a região afetada foi a região occipital, responsável pela interpretação neurológica do campo visual, por isso a perda da visão periférica.

“O território mais comumente atingido é o irrigado pela artéria cerebral média, responsável pela irrigação da parte motora. Por isso, as pessoas estão mais acostumadas aos sintomas relacionados aos movimentos”, explica Piza.

Uma das formas de acender o sinal de alerta é aprender a identificar a duração do episódio da aura. Em geral, explica Polyana, a aura clássica é caracterizada por distúrbios temporários que incluem alterações visuais, visão turva com presença de brilhos, luzes e manchas que podem se locomover no campo visual do paciente.

Ela costuma anteceder a dor de cabeça e dura de cinco a 60 minutos — raramente passa disso. A aura desaparece quando a dor cessa e, com ela, somem os distúrbios visuais.

“Se o paciente chega num consultório ou num pronto-socorro relatando uma alteração visual aguda é preciso investigar e ele necessariamente deve ser submetido a um exame de imagem para o diagnóstico correto”, enfatiza a neurologista.

O AVC é a principal causa de morbidade e a segunda principal de morte no mundo todo. Segundo a especialista do Einstein, um a cada quatro pacientes que sofrem de enxaqueca tem o episódio com aura.

Piza ressalta que a melhor maneira de prevenir é fazer o acompanhamento com um neurologista para um tratamento profilático, que evite a ocorrência da crise de enxaqueca. “Existem diferentes classes de medicações indicadas para diferentes perfis de pacientes”, finaliza a especialista.


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